Papa destaca à Rota Romana que misericórdia e caridade não dissolvem a justiça

Papa recebeu os participantes do curso de formação do Tribunal Ordinário da Santa Sé


O Papa Francisco, recordando a encíclica Caritas in veritate de Bento XVI , indica esta tripla direção durante o encontro com os participantes do curso de formação centrado no tema “Ministerium Iustitiae et Caritatis in Veritate”.

Francisco recebeu em audiência os participantes do curso de formação do Tribunal Ordinário da Santa Sé, incluindo o diretor-geral da Rádio e TV Tubá, padre Rafael Uliano.

O evento, promovido pelo Tribunal da Rota Romana, foi dividido em dias de estudo e reflexão que permitiram “examinar os desafios jurídico-pastorais relativos ao matrimónio e à família”. Não há justiça sem caridade. E não há caridade sem justiça, sublinha o Papa.

A justiça, explica o Pontífice, é uma “virtude que certamente deve ser vivida também dentro da Igreja”. “Os fiéis e os direitos da própria Igreja” assim o exigem. Mas em nenhuma comunidade humana, muito menos na Igreja – acrescenta o Papa – “basta respeitar os direitos: é preciso ir mais longe, com o impulso da caridade, procurando o bem dos outros através da generosa doação da própria existência”. “. É necessário “viver o serviço do amor”, pois a justiça “só pode ser compreendida à luz do amor”.

As pessoas, mesmo no cumprimento dos deveres legais, devem, portanto, ser tratadas não só com justiça, mas “também e sobretudo com caridade”. O rosto a ter em conta é o da Mãe Igreja “que ama com ternura todos os seus filhos”. Devemos, portanto, evitar, sublinha o Papa, uma justiça fria que seja meramente distributiva, sem ir além disso, isto é, sem piedade.

O Pontífice exorta-nos a superar o medo da justiça, como se ela pudesse minar ou diminuir a caridade. Um medo que “provém de uma concepção errada de justiça, considerada uma reivindicação egoísta e potencialmente conflituosa”. A essência da justiça, observa o Papa, é ser uma “virtude primorosamente altruísta que caminha para o bem dos outros”.

A tarefa muito importante é contribuir “para saber quais são os direitos e deveres dos fiéis e como devemos trabalhar para protegê-los”. Francisco acrescenta que “não se pode ter medo da caridade e da misericórdia como expressão característica”. A caridade “não dissolve a justiça, não relativiza direitos”.

Em nome do amor, explica o Papa Francisco, “o que é um dever de justiça não pode ser negligenciado”.

Por exemplo, as atuais regras sobre julgamentos matrimoniais não podem ser interpretadas como se, na necessária procura de proximidade e celeridade, implicassem um enfraquecimento das exigências da justiça. Por sua vez, a misericórdia não apaga a justiça, pelo contrário, impele-nos a vivê-la com mais delicadeza como fruto da compaixão diante do sofrimento dos outros. Na verdade a arquitrave que sustenta a vida da Igreja é a misericórdia, essa é a arquitrave.

Tudo na sua ação pastoral deve estar envolto na ternura com que se dirige aos crentes; as três atitudes do Senhor, certo? Proximidade, misericórdia e ternura. O Senhor está perto, é misericordioso, é terno. Nada no seu anúncio e no seu testemunho ao mundo pode ser feito sem misericórdia. A credibilidade da Igreja passa pelo caminho do amor misericordioso e compassivo.

Finalmente, o Papa espera que o clima de trabalho dos agentes da justiça “seja de esperança”, no centro do Ano Santo. “Que a força da esperança – conclui o Papa – preencha o nosso presente, enquanto aguardamos com confiança o regresso do Senhor Jesus Cristo, a quem vão o louvor e a glória agora e nos séculos futuros”.

Fonte: Vatican News / Foto: Rafael Uliano/Rádio Tubá

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